sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Partilhando amigos

Uma grande satisfação para mim é favorecer o encontro de amigos. Histórias diferentes se encontram, não por acaso, mas por um amigo comum. Isso já aconteceu muitas vezes e é sempre um motivo para um brinde. Aquela frase clichê que diz que “quem encontrou um amigo encontrou um tesouro” é a pura verdade. Eu tenho um baú consideravelmente cheio dessa riqueza. O baú não é muito grande, por isso não estou falando de quantidade, mas da qualidade dos meus amigos.
Têm aqueles que vejo com frequência, e isso é um privilégio.
Têm aqueles que só vejo de vez em quando, mas com uma sensação de estarem sempre por perto.
E têm aqueles que quase nunca vejo, mas por conta da qualidade da amizade, estão sempre guardados no coração.
Têm aqueles amigos que são os do “socorro”, esses são imprescindíveis.
Não quero fazer agora um tributo à amizade. Era só pra lembrar que estou muito feliz que minha amiga Thalita está sendo acolhida pela minha família de amigos italianos.
Viva os amigos!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Jabuticabas do encontro com Rubem Alves

Primeiro, ele mesmo! Como é bom ouvir a voz de um poeta! 
Depois, algumas boas jabuticabas espalhadas na fala de quem parece não estar preocupado com começo, meio e fim, mas simplesmente em saborear uma plateia com sede. Muitas coisas do que ele disse já tinha lido em seus livros. Aliás, não teve quase nada inédito, a não ser o fato de estar mais debilitado fisicamente, e de repetir incansavelmente que não gosta da velhice. Fez muitos risos com histórias sobre sua experiência nesta fase da vida. Mas como todo mundo tem direito a reclamar, nossos ouvidos serviram para seu desabafo.
Me fez bem ouvir como ele cultiva os amigos, e como plantou árvores para homenageá-los. Também gostei muito do que disse sobre a não necessidade de conhecer algumas pessoas, como os poetas e escritores, por exemplo. Falou de si mesmo. Que certamente muitos daquela plateia nunca tinham se encontrado com ele pessoalmente, a não ser pelas suas obras. E que corriam um sério risco de se decepcionarem com aquele encontro, pois ele está cheio de defeitos.
Eu particularmente confesso que já “coloquei muita gente no pedestal”. Hoje estou purificado disso. Não cultivo nenhuma simpatia ou atração por alguém perfeito. Não espero perfeição de ninguém, isso só afasta as pessoas. Com relação ao Rubem Alves mesmo, tem um monte de coisas que ele escreve que eu não concordo e isso não faz com que o admire menos. Ele não tem a obrigação de me agradar. Ele não tem a obrigação de estar sempre com a razão. Essa liberdade, dele e minha, faz com que seja muito bom ler e reler algumas obras suas. Pessoas como ele têm a missão de ajudarem a ver através das coisas simples, a beleza da vida e das pessoas. Prá mim isso já basta. Ele ajuda muita gente a fazer pequenas viagens através da literatura. E certamente ninguém volta do mesmo jeito depois dessas aventuras.
Quis levar umas jabuticabas para ele saborear depois da palestra... mas ele mesmo sabe que o melhor é saboreá-las ali mesmo, ao pé da árvore. Não levei nada além dos ouvidos, mas ganhei um abraço caloroso.

Sob o sol de Brasília...

Depois de percorrer 6 quilômetros de um dos três trechos do Parque da Cidade de Brasília, sentei-me para uma água de coco. Quando vi estava debaixo de um pé de pequi. Árvore nativa, imponente pelo formato do tronco, bonita por conta das flores amarelas, e cobiçada pelos frutos que produz. Eu sou um daqueles que a admira pelos 3 aspectos pois há muito tempo aprendi a comer pequi sem me espetar.
À sombra devia fazer uns 5 graus menos que ao sol. Realmente a comparação com o deserto procede: sol quente, sombra bem fria.O céu de um azul que justificava a bandeira. Este centro do Brasil têm mesmo belezas surpreendentes!
Desta vez fiz a viagem de carro, e os 700 quilômetros de rodovia nunca me cansam, pois gosto muito da paisagem da ponta do estado de Minas Gerais, com seus buritis, e o cerrado do centro-oeste, com surpresas como a do vídeo que posto abaixo. No meio do quase nada, uma sinfonia (louca) de cigarras e uma flor que resistiu às queimadas, à seca. Cada vez que vejo uma cena assim me lembro de texto de Lucas 12, “a busca fundamental”. Nem mesmo Salomão em toda sua glória nunca se vestiu como um lírio do campo. Essa flor, que não sei o nome, oferece um espetáculo gratuito, apenas para os pássaros e alguns viajantes como eu. Não é rainha, nem princesa. Não compete com outras flores, nem se preocupa com a aparência. Sua única garantia da existência é Deus. Como não há preocupação, há gratuidade. Simplesmente exerce sua missão de tornar esse mundo mais bonito.



998 dias para a Copa...





...e o estádio Mané Garrincha está a todo vapor. Um fato interessante: alguns presidiários estão prestando serviço ali em troca da diminuição da pena: 3 dias trabalhados, 1 dia a menos na prisão. Eu acredito mesmo que o trabalho ajuda a recuperar a dignidade humana.

domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro

Vocês se lembram onde estavam no fatídico 11 de setembro de 2001?
Eu estava em São Paulo a trabalho, e me lembro de ter assistido ao vivo a segunda torre ser atingida. Foi um dia diferente, muito parecido com aqueles invadidos por grandes sofrimentos, como a morte de alguém muito querido.
Hoje passei o dia vendo Globo News e as diversas tomadas das comemorações nos Estados Unidos. Revi também cenas daquele dia, bem como depoimentos de repórteres, produtores e cinegrafistas brasileiros que moravam em Nova York e trabalharam duro na cobertura da tragédia.
Foi um dia denso. Pesado mesmo.
Acho que fazer memória de acontecimentos como este ajuda não só a compreender melhor a história, mas permitir que mudanças aconteçam dentro e fora da gente. Quem, participando de um funeral, nunca se perguntou o que tem feito da própria vida? Quem, depois de um acidente, nunca fez um promessa de ser mais prudente? 
O 11 de setembro, para ter um sentido para além do sofrimento, deve ser cultivado como um dia para rever os projetos políticos, econômicos, ideológicos e religiosos do mundo pós-moderno. Que lugar ocupa o homem na hierarquia desse mundo global?
Vi no Jornal Nacional que se nada for feito, mais de 500 mil pessoas irão morrer de fome na Somália até o final deste ano. Profecia? Não! Pura constatação. Serão mais mortos que o 11 de setembro de 2001 produziu. E o que devemos fazer?
Os somalis, os norte-americanos e todos os demais são parte da mesma Grande Família!

Jabuticabas

Hoje colhemos jabuticabas no Campo Alegre para geleia e licor. Com a ajuda do Sr. Domingos, colhemos um “tanto bom”. Deixamos um pouco para alguma visita inesperada e para os passarinhos. Sempre achei impressionante a jaboticabeira! Além de uma bela árvore, suas flores são cheirosas e os frutos deliciosos.
Lembrei que já tinha lido alguma poesia sobre a doce negrinha. Busquei na net e lá estava “O tempo e a jabuticaba!” Adivinhem quem é o autor... ele mesmo, Rubem Alves!
Acho que essa crônica ajuda a nortear nossos objetivos...



“O tempo a e jabuticaba”

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.


Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir
estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.


Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de ‘confrontação’, onde ‘tiramos fatos a limpo’.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo
majestoso cargo de secretário geral do coral.


Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: ‘as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa…


Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta
com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos lizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.


Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.’
O essencial faz a vida valer a pena.

                                                                              Rubem Alves

sábado, 3 de setembro de 2011

Gratidão pela vida...



Esta flor dura apenas um dia.
Esta é a sua missão: por um dia inteiro fazer o mundo mais bonito!
Desejo que nossa vida seja assim, bela e repleta de sentido.
Que cada dia seja vivido com muita intensidade!







Quero agradecer todos os amigos que ligaram, enviaram mensagens ou estiveram em casa para dar um abraço pessoalmente. Este é o maior presente! Recebam meu carinho e minha gratidão.
Olho ao meu redor e vejo muitos rostos, muitas vozes, muitos sinais que me chamam cada vez mais para a vida! Sinto a cada dia a generosidade de Deus que vai me criando ao longo dos anos. Me dá liberdade para que possa crescer, amadurecer e produzir frutos. Me dá coragem para não desanimar quando eu caio, erro. Me dá certeza de que está comigo sempre.
O que desejo prá mim, desejo para todos: uma vida simples e feliz!