segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Jabuticabas do encontro com Rubem Alves

Primeiro, ele mesmo! Como é bom ouvir a voz de um poeta! 
Depois, algumas boas jabuticabas espalhadas na fala de quem parece não estar preocupado com começo, meio e fim, mas simplesmente em saborear uma plateia com sede. Muitas coisas do que ele disse já tinha lido em seus livros. Aliás, não teve quase nada inédito, a não ser o fato de estar mais debilitado fisicamente, e de repetir incansavelmente que não gosta da velhice. Fez muitos risos com histórias sobre sua experiência nesta fase da vida. Mas como todo mundo tem direito a reclamar, nossos ouvidos serviram para seu desabafo.
Me fez bem ouvir como ele cultiva os amigos, e como plantou árvores para homenageá-los. Também gostei muito do que disse sobre a não necessidade de conhecer algumas pessoas, como os poetas e escritores, por exemplo. Falou de si mesmo. Que certamente muitos daquela plateia nunca tinham se encontrado com ele pessoalmente, a não ser pelas suas obras. E que corriam um sério risco de se decepcionarem com aquele encontro, pois ele está cheio de defeitos.
Eu particularmente confesso que já “coloquei muita gente no pedestal”. Hoje estou purificado disso. Não cultivo nenhuma simpatia ou atração por alguém perfeito. Não espero perfeição de ninguém, isso só afasta as pessoas. Com relação ao Rubem Alves mesmo, tem um monte de coisas que ele escreve que eu não concordo e isso não faz com que o admire menos. Ele não tem a obrigação de me agradar. Ele não tem a obrigação de estar sempre com a razão. Essa liberdade, dele e minha, faz com que seja muito bom ler e reler algumas obras suas. Pessoas como ele têm a missão de ajudarem a ver através das coisas simples, a beleza da vida e das pessoas. Prá mim isso já basta. Ele ajuda muita gente a fazer pequenas viagens através da literatura. E certamente ninguém volta do mesmo jeito depois dessas aventuras.
Quis levar umas jabuticabas para ele saborear depois da palestra... mas ele mesmo sabe que o melhor é saboreá-las ali mesmo, ao pé da árvore. Não levei nada além dos ouvidos, mas ganhei um abraço caloroso.

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