segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sonho messiânico, segundo Rubem Alves.

Outro dia, na minha comunidade, estudamos este trecho que faz parte do livro “Se eu pudesse viver minha vida novamente...”Acho que é o momento oportuno para partilhar com vocês.

Quero iniciar uma série de votos de Feliz Natal para todos!

 
Sonho messiânico, segundo Rubem Alves.

“Sonho messiânico: a volta ao paraíso, a política chegando ao seu fim. Pois não será esta a única finalidade da política? Produzir objetos de prazer? Não será por isso que se fazem todas as revoluções? Que haja rios de águas limpas onde se possa pescar e praias não poluídas onde seja bom nadar. Que os bosques sejam preservados, e haja pássaros e  bichos, porque sem eles o mundo seria muito triste. E nas cidades haja praças onde os velhos, os adultos e as crianças venham passear. E as panelas estejam cheias de comida, e haja casas onde morar, terra para se cultivar, lugares bons onde trabalhar... claro que muitas coisas teriam que ser transformadas. As espadas virariam arados; as fábricas de armas, não importa se para uso doméstico ou internacional, se metamorfoseariam em fábricas de tratores. Se não queremos a violência, como conviver com a hipocrisia de gerar riqueza com instrumentos de morte? As botas e as fardas, tão bonitas, seriam incendiadas, como fogueiras. E os adultos sérios deixariam aparecer as crianças que moram neles (reprimidas), enquanto os políticos, sem gravata, sem o dedo em riste e a cara indignada que é típica de seus discursos, se dedicariam ao que realmente importa: a administração do jardim, espaço aberto para o prazer.
Pois não é isso que desejamos?
E a gente, embalada pela possibilidade do impossível – uma virgem dá à luz – se entrega aos devaneios que os astros sugerem e trata de pôr um fim à loucura dos herodes que andam por aí, para que a criancinha possa viver...”

E, por falar em jardim, estas flores ao lado são do Campo Alegre, onde as palmas estão dando um show.

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