quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"O que é viver bem?" Cora Coralina

Hoje pela manhã recebi esta poesia de uma grande amiga, semeadora de coisas boas.
Não é por acaso que se ocupa com a educação. Valeu Rosana!

Me rendo diante de Cora Coralina: mulher simples, doceira de profissão, que com a mesma intuição com que produzia seus doces, soube viver e interpretar o cotidiano do interior brasileiro, tornando-se uma das grandes escritoras.
Sua primeira obra foi publicada quando tinha 76 anos de idade.
Não precisamos de mais motivos para acreditar que nossa vida esta cheia de possibilidades. Podemos deixar nossa contribuição para que esse mundo seja melhor, mais bonito. Ainda há muito por fazer, descobrir, criar.

Estas fotos são do museu de Cora, na cidade de Goiás Velho.
A casa continua igual, e uma bica d’água passa ali dentro.
A cidade parece ter parado no tempo. Ruas de pedra, iluminação do início do século passado. Vale a pena conhecer!

"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice, e digo prá você: não pense.
Nunca diga "estou envelhecendo, estou ficando velha". Eu não digo.
Eu não digo que estou velha e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que, quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos. E isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando
esquecida porque, assim, você fica mais.
Nunca digo que estou doente; digo sempre: estou ótima!
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida você fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então; silêncio!
Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades; mas não sei se sou velha, não.
Você acha que sou?
Posso dizer que sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto.
Pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de
sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar; desistir ou lutar.
Porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir. "

                                                                                                                     Cora Coralina

Um comentário:

  1. Qué lindo testimonio! Muchas gracias! Nos deja pensando sobre el paso del tiempo, para no decir envejecer. Es un canto de esperanza y de lucha por la vida, por seguir siendo el hacedor de nuestro destino. Me gustó mucho eso de que alguien ya me va a enterrar, no quiero enterrarme yo. Esto se podría decir para muchas cosas que vivimos y no sólo pensando en la vejez.Gracias Mariana

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